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Uma das Poucas Profissões Que Dá Poder e Condições aos Outros
O poder governamental sempre foi considerado afrodisíaco.
Que o poder daria uma sensação humana que poucos têm o privilégio de desfrutar, mas de efeitos fantásticos sobre aqueles que o detêm.
Frequentei por um ano os corredores do poder quando fui assessor do Ministro do Planejamento, e todos meus amigos querem saber como foi a experiência, como é de fato este tal de “poder“.
Honestamente, não sei de onde vem este mito orgásmico.
Claro, um número enorme de pessoas que lhe tratam com reverência aumenta, o número de puxa-sacos explode, o telefone não para de tocar com pedidos de audiência.
Mas alguém que quer realizar algo de bom e concreto volta absolutamente frustado.
Quem está acostumado a realizar coisas na vida privada fica absolutamente estarrecido com a lentidão e inércia do governo.
Ninguém lá é formado em administração, e assim nem começa a haver diálogo, ninguém entende o que é administrar a coisa pública.
Infelizmente, nestes últimos 50 anos nunca tivemos um Presidente da República e ministros que tenham trabalhado numa das 500 maiores empresas privadas deste país.
Executivos acostumados à pressão de gerenciar planos com rapidez e cumprir orçamentos de forma moderna.
Profissionais que conhecessem a fundo as dezenas de disciplinas da administração, gerência de recursos humanos, controladoria, análise de sistemas, gerenciamento do crescimento, administração financeira, apuração contábil, estratégia e planejamento para disseminá-las aos seus subordinados. E, mais importante, com experiência de implantar aquilo que parece perfeito no papel.
Nossos governos, de 1964 para cá, foram administrados por acadêmicos, teóricos, bons de fala e bons escritores de artigos em jornal.
Quem conheceu no passado as grandes empresas como a Telebras ou a Matarazzo sabe como elas também eram paquidermes lentos e pesados.
Quanto maior a empresa, pior é a sua capacidade de responder às demandas da sociedade.
Agora imaginem o Governo.
Um Governo que não contrata pessoas treinadas, que não sabe delegar, e portanto nem sabe como cobrar.
Por isto não entendo porque o povo brasileiro, os comentaristas em blogs e os próprios blogueiros e Twitteiros não lutam para ter governos administrados por pessoas treinadas, em vez de sermos governados por amadores que estão aprendendo nos primeiros dois anos, em vez de cumprir boa parte dos planos nos primeiros 100 dias de governo.
O poder é afrodisíaco para quem é incompetente.
Eles só precisam decidir entre os dois assessores que está propondo a melhor ideia, e muitas vezes nem isto sabem fazer.
Para quem é competente o poder é angustiante.
Entreviste os poucos administradores que já trabalharam no governo.
Pessoas como Antoninho Trevisan, Alcides Tápias ou o Furlan, e eles dirão como é frustante trabalhar no governo.
Pergunte para algum deles se pensa algum dia em voltar ao “poder”.
Jamais!
Por outro lado, pessoas que veem o poder como forma de aparecer, que adoram ser bajuladas por puxa-sacos, que adoram os holofotes do cargo público, estes de fato acham o poder afrodisíaco e só pensam em voltar.
Vários leitores me perguntam porque não vou para o governo, e esta é a razão.
Poder é a capacidade de realizar, e não a capacidade de decidir o futuro de uma nação sem os conhecimentos necessários para tal.
Isto, nós administradores consideramos ser um crime contra a humanidade.
Um crime que lutaremos para evitar.