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Como Confiar em Você?
O Brasil está num estágio acelerado de desagregação social.
Aumento da criminalidade, corrupção, assaltos, consumo de drogas, desquites, filhos sem um pai ou mãe presentes, queda na confiança de nossas instituições, especialmente de nossos políticos, pessimismo com relação ao futuro do país e da própria democracia.
Clubes Esportivos lutam para manter seus associados, funcionários lutam para manter os seus empregos, famílias lutam para se manter unidas.
Observando as manchetes dos últimos quatro anos, constatamos que quase 70% delas são no fundo a mesmíssima notícia.
Numa leitura, obviamente mais ampla, todas noticiam Desagregação Social.
Vejamos: Fuga para Dólar, CPI no Congresso, Greve da Polícia, Saques a Supermercados, Desquite da Prefeita, Confiança no Governo em Baixa, Candidato romperá com FMI.
Esta desagregação social é fenômeno mundial, e não é de hoje.
É fruto da destruição dos pequenos vilarejos onde existia calor humano.
A urbanização fria e solitária e a televisão eliminaram a conversa familiar em volta da mesa, a transmissão de valores comunitários.
Desde Getúlio, nossos governos deixaram de se preocupar com o fortalecimento de laços de confiança entre indivíduos, e se preocuparam em aumentar os laços com o indivíduo.
Criaram a dependência perante o Estado, e não a interdependência da comunidade.
Quem escolhe seu médico é o Ministro da Saúde, o professor do seu filho é o Ministro da Educação, o gestor do seu fundo de aposentadoria é o Ministro da Previdência.
Quando se perde a confiança no Estado, como agora, perde-se confiança em tudo.
Alguns acreditam que isto é a salvação, outros percebem que justamente estas funções do Estado inibem a criação de laços entre pais e filhos, médicos e clientes, professor e família, e assim por diante.
Para piorar nosso tecido social, o Brasil teve sete desastrosos planos econômicos, que com exceção do Real, destruíram laços de confiança construídos lentamente ao longo dos anos entre inquilinos e senhorios, funcionários e patrões, clientes e fornecedores, credores e devedores, e no Plano Zélia Cardoso de Melo, todos contra todos.
O resultado está aí.
Numa pesquisa mundial, 50% dos americanos, 30% dos mexicanos e 60% dos guatemaltecos afirmam que “confiam na maioria das pessoas”.
O Brasil tem o mais baixo índice do mundo, somente 2% dos brasileiros confia na maioria das pessoas.
Em 1995, nosso índice era um pouco maior, 10%, mas com FHC e seu governo Social-Democrata este índice despencou para 2%, e com tendência de queda.
O Brasil é o retrato de Hobbes, homem contra homem necessitando urgentemente de um Estado que no mínimo ofereça proteção, justiça e polícia.
Estreitar novamente os laços de confiança dos brasileiros é a tarefa número um, pois estamos a rigor a um passo da guerra civil, de todos suspeitando de todos.
Na minha opinião, a verdadeira função do Estado deveria ser a de promover a cooperação entre os cidadãos.
Em vez de leis que protejam o trabalhador, leis que permitam trabalhadores negociar em igualdade com seus patrões.
Fiscalizar entidades beneficentes para assegurar que os nossos donativos são destinados para os caminhos prometidos, em vez de criar Ongs próprias como Comunidade Solidária.
Supervisionar as empresas em Bolsa, em vez de usar a Bolsa para financiar estatais.
Aqui apresento exemplos rápidos deste novo Estado, que não temos ainda:
Milhares de brasileiros têm se engajado em restaurar os laços de amizade novamente entre brasileiros, destruídos ao longo destes anos pelo Estado.
Estão se engajando em trabalho voluntário, incentivando a Responsabilidade Social das Empresas diante da falência da Responsabilidade Social do Estado.
Estão pregando a solidariedade entre indivíduos em vez dos Socialismo Estatal entre estado e contribuinte.
Mas temos ainda muito por fazer.
Transformar nossos 2% em 100%, significa crescer nada menos do que 50 vezes, transformar o Brasil num país onde todos confiem na maioria das pessoas.
Esta é a missão filosófica do Administrador.
Criar laços de confiança entre milhares de pessoas estranhas, para que possam cooperar entre si em prol de um objetivo comum, seja um produto, uma ONG, um hospital, um clube esportivo.
Administradores são os agregadores da sociedade, que lutam contra tantos membros da sociedade cujo objetivo é desagregar, conspirar, destruir a sociedade que temos.