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Muitos Preferem Bagunça e Desorganização

Estamos chegando ao final deste livro. Hora das conclusões e planos de ação.

Uma das tragédias deste país é que nossas lideranças políticas não aceitam a participação de administradores profissionais no preenchimento dos cargos de confiança, quando seus partidos são eleitos.

Existem hoje mais de 5.000 executivos competentes, ex-presidentes e ex-diretores das 1.000 maiores empresas brasileiras, que estão aposentados aos 60 anos de idade, mas com muita energia ainda para oferecer.

São relativamente ricos, com filhos encaminhados, que gostariam de contribuir para o social, doando três a quatro anos de suas vidas para um cargo público. Sendo ricos, dificilmente aceitariam ser corrompidos para dar uma obra para um e não para um outro.

Sendo aposentados, dificilmente ajudariam um Banco que poderia ser um empregador agradecido depois que deixarem de ser Ministro da Fazenda, Diretor do Banco Central, e assim por diante.

Trariam experiência prática e não meramente teórica, que por definição nem experiência é.

Tendo trabalhado efetivamente 40 anos, sabem melhor do que ninguém os problemas que travam nosso crescimento.

Acreditem ou não, estes aposentados querem fama e não mais grana.

Querem sair da aposentadoria, querem ser úteis novamente, querem fazer algo pelo país.

Aceitam o salário baixo do serviço público, em troca dos holofotes que perderam.

Prefiro vaidade com competência do que vaidade com incompetência, que é a situação em que estamos.

Estes 5.000 não procuram o poder, não fazem o lobby que políticos fazem para obter um cargo para um filho ou amigo numa estatal, e por isto não são convidados.

Estes 5.000, pelo contrário, acham que precisam ser convencidos a sair da aposentadoria, acham que estão nos fazendo um favor, o que é verdade, e por isto precisam ser procurados e seduzidos.

Sempre defendi Henrique Meirelles, um dos primeiros nesta categoria, porque ele representava o início de um Brasil bem administrado, honesto e socialmente responsável.

Infelizmente nossos políticos não querem executivos já realizados, ricos suficientes para se preocupar com os outros e não com suas finanças pessoais, preferem Professores de Universidades.

Nossos colunistas de jornais e revistas também não percebem tudo isto e não conclamam por administradores com cabelos brancos, que não permitiriam os problemas acumularem, em vez escolhermos sempre jovens de 30 anos, acadêmicos idealistas mas ingênuos, que vão para o Governo adquirir experiência.

Ninguém elogiou a decisão de Meirelles de apoiar o PT, uma decisão difícil para um executivo de um banco internacional e um deputado do PSDB.

Ele fez muito pelo Brasil, mas todos os formadores de opinião ou ficaram em cima do rumo, ou o atacaram brutalmente.

Uma decisão não tão difícil, se você é um Administrador da Escola Socialmente Responsável a qual ele pertence, que sabe que servir os outros não é uma traição ideológica, mas sim uma obrigação moral.

Meu último artigo na Veja foi um elogio direto a Meirelles, “Administradores de Esquerda“, que vocês já leram, um capítulo deste livro.

Precisamos mais exemplos como este.

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