Uma Linguagem Comum Em Prol da Eficiência
Desde a ditadura militar, o Brasil segue a visão economicista, que acredita que o desenvolvimento depende exclusivamente da estabilidade econômica, algo que se persegue há 50 anos, sem sucesso.
Esta visão acredita que basta um ambiente econômico propício, que o crescimento emergiria naturalmente.
Espontaneamente, como segue a cartilha da Escola de Chicago.
Infelizmente, não é bem assim.
Já se foi o tempo de Adam Smith, John Maynard Keynes e Karl Marx, que acreditavam que um pouco de ganância e capital seriam suficientes para gerar empresas e empregos.
Já se foi o tempo em que “agentes econômicos”, com um mínimo de “espírito empreendedor”, abriam empresas bem-sucedidas.
Esta é a visão que reina neste país. Basta uma boa política econômica, que os empresários farão o resto.
Hoje em dia, para montar uma empresa e ter sucesso, são necessários sólidos conhecimentos práticos e teóricos de administração de empresas.
Oitenta por cento das empresas brasileiras quebram nos primeiros cinco anos, por cometer um dos 100 erros banais citados nos livros de administração.
Só que o Brasil formou nestes últimos vinte anos menos de 250.000 administradores de empresas.
O Conselho Federal de Administração tem menos de 90.000 inscritos.
Por isto temos uma taxa de poupança tão baixa.
A poupança que temos é desperdiçada em empresas que jamais darão certo.
Aí está a principal razão para o nosso atraso, a desorganização de nosso Estado e a estagnação econômica.
Com 4.650.000 empresas, nem sequer temos um administrador por empresa, que permita que problemas não acumulem e atolem de vez a empresa.
Pela falta crônica de administradores formados, temos médicos que administram hospitais, enfermeiros que tocam laboratórios de análises, e engenheiros mecânicos que administram carteiras de ações. Um desperdício!
No Brasil perdemos assim excelentes médicos e engenheiros mecânicos formados com dinheiro público e ganhamos péssimos gestores sem formação, que nem sabem o verdadeiro significado da palavra.
E pior, acabam aprendendo a gerir empresas à moda antiga: errando.
Os Estados Unidos tomaram outro caminho.
De 1960 para cá formaram nada menos que 8 milhões de administradores de empresas.
É a profissão mais frequente, com 19% do total de 50 milhões dos americanos formados.
É também a que dá o tom, a filosofia, o modus operandi de toda a economia americana.
É o segredo bem escondido da economia americana.
Nossos economistas levaram 40 anos para aprender que países precisam manter reservas internacionais, algo que se aprende no primeiro ano de Administração Financeira.
Só começamos a acumular reservar internacionais quando tivemos um administrador no Banco Central. Pode uma coisa desta?
Empresários aprendem com os livros de administração vendidos nas livrarias de aeroportos, uma péssima forma de aprender administração, a um custo social monstruoso.
De 1,5 milhões de formados pelas nossas universidades federais e estaduais, somente 4,5% são de administradores de empresas.
Muitos governos de esquerda inclusive foram contra esses cursos, coisa da direita a ser custeada pela iniciativa privada e não pelo Estado. Jamais!
Eu pessoalmente pedi ao antigo Capes uma Bolsa de Estudos para um Mestrado nos Estados Unidos, e me disseram que jamais concederiam.
“Peça às empresas, seu pequeno burguês.” Eu não era, era é pobre.
Os próprios empresários achavam esses cursos desnecessários, já que suas empresas seriam geridas pelos filhos, treinados pela família.
Em pós-graduação a situação piora ainda mais.
A Harvard Business School forma por ano mais MBAs que o Brasil inteiro.
Os Estados Unidos têm 2.400.000 MBAs, 10% deles trabalhando no governo.
O Brasil possui no máximo 5.000 mestres em administração, e a impressão que se tem é que nenhum deles trabalha no governo.
O Ministro da Fazenda acredita que o país crescerá na hora que ele achar oportuno.
Os “desenvolvimentistas”, do outro lado, acham que sete economistas estrategicamente colocados farão o país crescer na intensidade e direção que eles determinarem.
Ledo engano.
A mão invisível de Adam Smith não funciona mais no mundo moderno.
Toda nação requer a mão firme e visível de centenas de milhares de pessoas treinadas e preparadas para criar empregos e organizações.
O futuro do Brasil depende da disseminação de livros como este.
Vamos torcer.