"

“Eu não quero que me odeie, mas preciso dizer o que está entalado em minha garganta. Hai, eu no fundo te amo e não é um amor de amigo, mas um amor de querer estar junto com você, de fazê-lo ser meu para sempre. Eu espero que não me odeie, por mais que esse amor seja impossível é claro, quero estar junto de você.”

Aquelas mãos trêmulas que seguravam meu casaco, enquanto se declarava. Aquele olhar baixo vergonhoso que não conseguia sequer fixar em um ponto, as bochechas levemente coradas eram o que deixavam Dane lindo. Naquele instante não tive sequer uma reação, não sabia o que dizer para ele, era uma amizade de anos que vivíamos juntos desde o ensino médio e sabia que assim como qualquer outra amizade, um dia viraria amor.

~Flash Back Dane

-Com licença! Posso me sentar aqui?

-Claro!

-Sou aluno novo, me chamo Dane. Prazer em conhecê-lo!

-Sou Hai! O prazer é meu.

-Me desculpe se estou sendo um pouco inconveniente, mas poderia me apresentar a escola?

-Claro! Venha.

-N-não tem problema sairmos em horário de aula?

-Não! Agora é aula livre. Vai ficar tudo bem.

Lembro perfeitamente de como nos conhecemos, Hai foi o único aluno da sala que não me olhou diferente. Ele foi meu único amigo da época do ensino médio, onde entendia minha personalidade como qualquer um, era ele que me ajudava quando mais precisava e a ele quem eu contava meus segredos. Não demorou muito para que Hai me levasse para conhecer sua casa.

-Como você entrou no meio do ano, posso te passar tudo o que foi passado até aqui. Assim fica mais fácil para você estudar e não ficar perdido com as anotações.

-Realmente eu agradeço. Tenho certeza de que vou precisar.

-Tem algum compromisso depois da aula?

-Nenhum, por quê?

-Venha até minha casa, assim te explico as matérias e você pode anotar os estudos de até agora.

Eu admirava Hai, apesar de sua personalidade irritada e nada calma. Por algum motivo conseguíamos sincronizar nossas personalidades como se fossemos um casal. Hai era o tipo de pessoa prestativa. Lembro que até terminarmos o ensino médio, ele sempre me ajudou com as matérias em que eu mais tinha dificuldade, apesar de ficar irritado comigo ele sempre era atencioso.

~Flash Back Dane off

Yo! Me chamo Hai, apelidado por Dane como “bebê”, tenho 25 anos, 1,85 de altura e cabelo loiro escuro meio espetado para cima. Tenho um corpo malhado devido a academia, uso gel para deixar o cabelo espetado para ir à faculdade, uso calça jeans e camisa gola polo, mas isso para sair. Gosto de assistir a filmes e seriados com meu amigo Dane, por mais que seja homem, adoro cuidar da minha pele e do meu corpo, eles são um ótimo cartão de visitas para quem os vê. Minha personalidade? Sou extrovertido e engraçado com meus amigos, e para pessoas desconhecidas sou reservado. Pobre coitado do Dane que viveu essa fase minha por um tempo, gosto de ficar em casa bebendo, mas não dispenso um bom churrasco.

-Vai demorar muito, cinderela? Estamos quase atrasados.

-Disse quem esta usando minhas coisas para arrumar o cabelo.

-Ca-calado! Vamos.

-Se você ainda não percebeu, estou de toalha. Não quer que eu saia nu, não é?

Esse cara nada mais é que meu melhor amigo Dane, por mais que seja um cara mimado, carinhoso e manhoso, ele tem lá suas qualidades. Com 26 anos, um ano de diferença da minha idade, 1,68 de altura, cabelos preto com as pontas loiras, um lado raspado e meio repicado seu estilo era bem alternativo desde o colegial. Dane sempre usou all star, camisas de flanela e nunca ligava para a opinião dos outros, por mais que elas o chateassem. Sempre foi um bom ouvinte e mesmo com minha personalidade, nunca me abandonou sequer uma vez. Seus olhos castanhos, quando entravam em contato com o sol dava a tonalidade de cor mel e por trás daqueles óculos aquilo o deixava lindo.

-Dá para andar logo!

-Minha nossa! Está apressado com o que?

-Aish! Parece que vai se casar, se você fosse minha noiva te deixaria plantado no altar.

-Nem vou comentar sobre isso! Eei o que está fazendo?

-Estou tirando a sua toalha!

-Está ciente de que estou pelado?

-Sim!

-Que não estou de cueca?

-Sim e sim! O que você tem eu também tenho. Pra que ficar com vergonha agora?

– Hai, pare com isso, é sério! Eu realmente vou ficar bravo com você! E me dá essa toalha!

-Precisava ficar bravo?

-Lógico! Não quero que você veja meu membro!

-Por que será? Será por ser pequeno?

-Isso é uma anaconda, agora pare de graça e deixe-me arrumar.

Quando fui terminar de arrumar meu cabelo, sentia que meu rosto estava quente e que minhas bochechas estavam rosadas, ao fundo queria negar, mas sentia uma leve ereção e isso Dane não saberá. E ele não precisava ficar todo nervosinho comigo, já dormimos juntos no mesmo quarto e já nos vimos de cueca, pra que tanto alvoroço agora?

-Vamos, “marido”.

-Até que enfim minha “noiva” está pronta.

Seguimos até a faculdade rindo e enchendo o saco um do outro. Era essa nossa rotina, eu passava na casa de Dane e assim seguíamos para faculdade e fazíamos a mesma coisa. Ao ir embora, sempre íamos juntos. Independente do que acontecesse, sempre estávamos juntos.

-Ei! Que tal posar em casa hoje?

-Hai o que esta acontecendo com você? Isso é difícil de acontecer.

-Para de ser bobo, sei que no fundo deve estar com dificuldade em alguma matéria da faculdade e eu quero te ajudar.

-Está com febre bebê?

-Cala a boca! E não estou.

-Não precisa ficar irritado. Só achei estranho.

-Vai vir ou não?

-Se você me esperar eu irei.

De algum modo não sei o que está acontecendo comigo e depois de hoje na casa de Dane, estava com medo do que estava sentindo por ele. A caminho de minha casa, passamos na casa de Dane para pegar algumas roupas, depois passamos em um supermercado e compramos bebidas.

-Certo! Vamos para o meu quarto.

-Mas já?

-Sim, vamos assistir algo lá em cima.

-Ok. Eu levo as bebidas.

Eu adorava assistir seriados colado com Dane, suas mãos eram macias e de algum modo ele sabia fazer um ótimo carinho. “Espera! O que eu estou pensando? Somos homens. Hai você deve estar louco.”

-Hai, você já está fedendo a álcool. Va tomar um banho.

-Bem que você poderia tomar banho comigo. O que acha?

-Está louco. Isso jamais vai acontecer.

-Por que está tão corado. Sei que você quer.

-Para de babaquice. Você já está bêbado o suficiente. Vou me deitar e você faça o que quiser. Boa noite!

-Acho que você não deveria me deixar irritado, pequeno Dane.

Eu não estava bêbado o suficiente para fazer uma loucura daquelas, mas queria deixar Dane meio que irritado. Tirei minha camisa, ficando só de calça moletom, segui em direção a minha cama, onde Dane estava deitado, subi em cima daquele corpo magro e foi ai que a situação ficou preta, o olhar dele assustado e suas bochechas coradas me fizeram sentir o que havia sentido pela manhã, mais uma vez senti meu membro pulsar de desejo por aquele cara.

-Hai, o que você está fazendo? Sai de cima de mim!

– Me desculpe Dane, sei que vai me odiar.

-Do que es…

Precisava sentir aqueles lábios, precisava dele, mas não queria admitir. Ouvi no fundo daquela sensação, Dane chorar.

-Me-me desculpe Dane. E- eu só… Desculpe-me.

-Você acha engraçado brincar com os sentimentos dos outros?

-Do que esta falando?

-Eu vou embora! Hai seu perfeito idiota!

O que foi que eu fiz? Eu estraguei uma amizade por causa de uma dúvida? E do que Dane está falando? Será que… Não isso seria impossível ele não estaria afim de mim. De alguma forma preciso me aliviar, ele soube mexer comigo e sei que ele não vai fazer isso, então… Vamos lá, não preciso de você.

~Dane’s POV

Eu saí mais que depressa dali, não conseguia acreditar que Hai fez aquilo. Será que ele descobriu o que sinto por ele? Creio que não, nunca demonstrei nenhum sentimento relacionado a isso. De algum modo meu coração está acelerado, posso ouvir “doki doki” entre minha respiração abafada, sentia ainda o calor de seus lábios nos meus.

~BEEP BEEP

-Dane, sou eu!

-O-o que você quer?

-Por favor, volta para casa quero me desculpar com você. Estou te esperando.

-E-eu não vou voltar aí.

-Então eu vou te buscar.

-Você não sabe onde estou.

-Se você parar de correr eu posso te alcançar.

Na hora fiz uma cara de espanto enquanto desligava o celular. “Droga Dane. Não tem mais para onde correr.”

-Para de ser idiota! O que te faz sair da minha casa sem ao menos conversar sobre aquilo?

-Saí por causa daquela sua atitude. Não é coisa que se faça.

-Para de me deixar irritado. Agora venha e vamos conversar como adultos.

Senti as mãos de Hai segurar meu braço e sair me puxando pela rua iluminada com a luz da lua cheia. Meu rosto estava queimando e meu coração acelerava a cada passo que dávamos juntos. Eu não queria que chegássemos logo em sua casa, queria continuar andando com Hai daquela forma, para sempre.

-O que você tem a me dizer de tão importante depois daquela sua atitude idiota?

-Se você ficar quieto e não me deixar irritado, vai saber.

-Então diz, quero saber o tão grande motivo daquilo tudo!

-Eu realmente gosto de você e queria ter a certeza do que estava sentindo.

Ai meus Deus, isso foi uma declaração vinda de Hai? Ele deve estar brincando comigo.

-Acho que já pode parar com essas brincadeiras idiotas não acha?

-Sério Dane! Você está conseguindo me irritar. Estou exalando aquela irritaçãozinha filha de uma puta. Não estou brincando com você agora, entendeu ou quer que eu desenhe?

Só pude ter a certeza do que ele havia dito, quando senti seus lábios tocarem os meus novamente. Parecia um sonho, mas estava com medo da realidade, bem no fundo eu estava com um profundo medo.

-Prometo que não farei nada de mais com você, ok?

-O-ok!

-Agora descanse, amanhã terminaremos essa conversa e, por favor, não saia perambulando pela rua sem mim. Não sei o que aconteceria se você se machucasse sem mim por perto.

Eu estava totalmente envergonhado, demorou um pouco para pegar no sono e ainda mais depois daquilo tudo. Eu precisava dizer o que sentia por Hai, mas não sabia a hora certa de dizer.

~Dane’s POV off

-Dane, acorde e venha tomar o café. Tem uma camisa minha, pode vesti-la e me encontrar na cozinha.

Depois daquela cena de filme, precisava agradar Dane e terminar aquela conversa, já que era um sábado e não tínhamos aula na faculdade, era a hora perfeita de esclarecer tudo.

-B-bom dia Hai!

-Fiz o café que você gosta. Não sei se está bom. Espero que goste.

-O-obrigado!

-Sobre ontem… Eu quero me desculpar, deveria ter dito antes de fazer aquilo.

-T-tudo bem!

-Não está nada bem. Será que ainda não compreendeu que eu gosto de você? Sério! Você me deixa irritado.

-Hai, você achar que gosta de mim de uma forma diferente, machuca sabe? Por mais que sejamos amigos, melhor dar um tempo para esclarecermos essas coisas.

-V-você está dizendo que quer ficar longe de mim por um tempo? Foi isso o que entendi?

-Sim! Seus sentimentos por mim são incertos e eu não quero alguém que finja gostar de mim sem ao menos ter certeza do que sente. Vou pegar minhas coisas e ir pra casa. Obrigado pelo café.

Dane deve estar brincando, ficar longe de mim por um tempo? Isso não vai acontecer. Eu vou provar a ele que eu tenho certeza do que eu quero. Vê-lo me dar às costas daquela forma sem ao menos olhar para trás me deixava irritado. Passei meu sábado completamente irritado com a atitude de Dane e se eu não fizesse nada, eu não o veria mais.

-Desgraçado, ele não atende a merda do telefone. Tem telefone para quê?

“Sua chamada está sendo encaminhada para caixa postal e estará sujeito a cobrança após o si…”.

Passei o sábado preocupado com Dane, não atendia o telefone, não respondia meus e-mails. Realmente ele queria me deixar irritado fazendo isso e olha! Tá conseguindo. Ao anoitecer resolvi ligar mais uma vez sabendo que ele não iria atender o meu telefonema.

-O que você quer?

-D-Dane! Onde você estava? Te liguei o dia todo. Espera! Por que atendeu agora e não atendeu os telefonemas à tarde?

-Porque não quis. Precisava de um tempo para pensar.

– Você está brincando com a minha cara, né? Eu juro que um dia te estrangulo, mas agora não vem ao caso… Amanhã passarei ai no fim da tarde.

-Não quero que venha.

-Como assim?

-E-estou de saída amanhã.

-“Filho! Tome conta da casa amanhã até voltarmos”.

Ouvi ao fundo a voz da mãe de Dane e a minha cara ao telefone foi nada mais do que uma cara de um perfeito idiota que acabara de ser enganado.

-Então você vai sair, seu mentiroso.

-Não é da sua conta. Se me der licença, boa noite!

“Desgraçado desligou na minha cara e isso não vai ficar assim. Aaah não vai não”. Naquele domingo o dia estava propício a se ter um encontro, e pelo que eu lembre eu não desisti de Dane. Quando começou a entardecer, me arrumei e segui para a casa de Dane. Sabia que ele não atenderia, então me fingi de mensageiro. “Tá eu sei que mensageiro não trabalha aos domingos”, mas Dane era tão desligado que nem notaria isso.

~Biip

-Quem é?

-Mensageiro senhor!

-Só um momento.

“Isso aí! Eu consegui enganar Dane”.

-O que deseja se… Você?

-Sim eu!

– O que você quer?

-Se arrume.

-Para que?

-Iremos a um encontro.

-Com quem?

-Eu e você. Veremos o pôr do sol na praça da faculdade.

-Se eu não aceitar você não vai desistir não é?

-Você me conhece muito bem.

-Sabia… Bom, não tenho escolha vou aceitar. Fique a vontade, vou tomar um banho. Seu gameboy está no meu quarto. Se quiser passar o tempo, pode pegá-lo.

Enquanto Dane estava tomando banho fiquei deitado em sua cama jogando. Sempre participei de encontros, mas esse encontro estava me fazendo ficar nervoso.

-Dane você tem outra fi…

Os meus olhos fixaram naquele corpo magro e naquela barriga definida, depois de tanto tempo fui reparar nisso. Dane estava com a toalha amarrada na cintura, seus óculos estavam um pouco embaçados por causa do vapor da agua do banho. Naquele instante nós dois coramos e o que eu havia começado a dizer estava perdido em um universo paralelo.

-N-não me olhe dessa forma. É constrangedor.

-M-me desculpe. E-eu vou descer para vo-você se arrumar.

Meu corpo não se movia. E eu fiquei basicamente parado olhando para Dane com uma cara de velho pervertido, naquele momento podia jurar que tive um sangramento nasal ao vê-lo seminu em minha frente.

-Vai logo! Preciso me trocar.

-Aah… Ok!

Sentei- me no sofá esperando Dane terminar de se arrumar, estava abismado com o que havia visto. Acho que quando amamos percebemos cada detalhe que até agora foi passado despercebido por nossos olhos.

-Vamos?

-Sim!

Dane vestia um jeans, uma camisa de flanela azul e por fim um coturno, ele vestia aquilo que valorizava seu corpo. Seguimos até a praça da faculdade sem falarmos sequer uma palavra. A praça da faculdade, ou praça dos amores é bem conhecida por reunir casais, assim como tem uma bela vista do pôr do sol.

-Aqui é lindo não é?

-S-sim!

-Venha, tem um lugar mais bonito para ver o pôr do sol.

Levei Dane até um morro coberto de gramas com uma árvore enorme plantada no centro. Realmente era o melhor lugar para se ver o pôr do sol acompanhado por alguém.

-Que lindo Hai!

-Até que enfim falou comigo. Já estava me deixando irritado.

– Você se irrita fácil. A caminho daqui, pensei que não deveria ficar zangado com você. Sabe Hai, no fundo somos amigos e de qualquer modo o erro foi meu.

-Para com isso, o erro foi meu e eu não deveria ter feito aquilo.

-Ver o pôr do sol com você era uma das coisas que queria e hoje você a realizou. Talvez você realmente não me ame, talvez seus sentimentos estejam incertos e isso pode ser uma fase da sua vida. Eu não quero que me odeie, mas preciso te dizer o que já faz muito tempo o que está entalado em minha garganta. Hai, eu no fundo te amo e não é um amor de amigo, mas um amor de querer estar junto com você, de fazê-lo ser meu para sempre. Eu espero que não me odeie, por mais que esse amor seja impossível é claro, quero estar junto de você.

Vi Dane se levantar e junto dele ouvi o que tinha a me dizer. Suas mãos trêmulas que seguravam minha camisa e seu olhar baixo que não se fixava em nenhum ponto, fez meu coração derreter.

-Dane eu…

-Me deixe terminar, eu no fundo fiquei irritado com você porque achava que havia descoberto meus sentimentos e que estaria brincando com eles, mas você me mostrou o contrário quando não desistiu de mim. Desculpe-me, mas eu realmente gosto de você. Irei entender se me odiar.

-Você é idiota ou o que? Não vou te odiar, por mais que ache que é brincadeira, meus sentimentos não são mais incertos. Eu estou lutando por você e não será qualquer coisa que me fará desistir de ti.

Bastou essas palavras para fazerem Dane deslizar e chorar cabisbaixo. Então por ser culpado, nada mais justo que consolá-lo. Segurei em seu rosto levemente, depositei um beijo doce sob seus lábios, fazendo assim Dane parar o choro por instantes.

-Eu te amo, pequeno Dane. Não me irrite e nem me provoque mais.

Assim como minhas palavras o fizeram chorar e o beijo o fez parar, ele mais uma vez caiu em lágrimas. Aquela imagem do pôr do sol e aquela confissão ficarão na minha memória para sempre. Eu sabia que de uma amizade poderia nascer um amor, independente de sermos homens, toda forma de amor é válida. Sei que daqui por diante teremos que lutar contra tudo, mas isso não importa, tendo Dane ao meu lado sinto que sou invencível e por essa decisão eu cuidarei dele como sempre cuidou de mim. Depois de voltarmos para casa, decidimos seguir nossa rotina normalmente, mas como um casal, sem esquecer as semanas de prova na faculdade. Assim que passou a semana totalmente turbulenta, queria passar mais tempo com Dane.

-Hai, tem certeza que quer que eu durma na sua casa? Ai, isso dói!

-É pra doer mesmo. Para de ser bobo. Venha vamos para casa, depois de um dia cansativo nada melhor do que jantar.

– O que jantaremos?

-Não sei, você que irá fazer.

-Engraçadinho você. Tudo bem. Que tal macarronada?

-Para mim está ótimo.

O clima entre nós já estava bem melhor do que antes, parecia que nada havia acontecido. Foi a primeira vez que notei o sorriso de Dane e isso fazia com que me sentisse completamente envergonhado.

-Você vai ter uma indigestão comendo tanto assim.

-Sua comida é muito boa. Não consigo parar de comer.

-Hai é sério. Você vai passar mal assim. Venha, vamos assistir alguma coisa.

– Tá né.

Sentamos no sofá, deitei a cabeça no colo de Dane. Parecia um cachorrinho implorando por carinho. Queria sentir aquelas mãos a me tocar. Me levantei em um pulo e cheguei próximo dele.

-O-o que você está fazendo?

-Me dá um beijo!

-Hãn?

-Me dá um beijo, senão vou roubar.

-Isso é completame…. Ei!

-Eu disse que ia roubar se você não me desse. Sabe, se seremos um casal, teremos que nos beijar e fazer outras coisas.

-O-o que? Certas coisas?

– Dane você não é inocente. Teremos que transar para selar esse amor.

-Hai sinto muito em lhe dizer, mas sou virgem.

– Eu sei que de lá você é, mas de resto é normal.

-Você não está entendendo. Eu nunca dormi com ninguém. Ninguém nunca me tocou em lugar nenhum.

-Você tá brincando.

-Não estou.

-Como faremos então?

-E-eu não sei. Esse papo é constrangedor.

-Você pensa em…

-No que?

-Em dormir comigo?

-Penso, mas eu não sei fazer nada.

-Eu já fiz com algumas garotas, talvez não seja diferente. O que acha de assistirmos um filme para ter uma base?

-Não é melhor assistirmos sozinhos?

-Não! Precisamos saber como fazer. Não quero te machucar.

-Não acha que estamos indo rápido demais nessa relação?

-Se eu não correr atrás, irei te perder. Relaxa, por mais que eu tenha uma personalidade digamos irritada.

-Irritada? Isso foi educado da sua parte.

-Calado! Quero te mostrar que posso ser educado em outras partes.

-Ok! Já que não tenho escolha, vamos assistir.

Essa cena era realmente constrangedora, assistir um filme pornográfico gay com o meu melhor amigo que passara a ser meu namorado. Deixei o filme carregar, quando começou, não tinha como fazer uma cara diferente a cada cena que se passava, Dane estava envergonhado com tudo aquilo, mas ao fundo estava ansioso.

-I-isso entra dentro daquilo?

-Lógico que sim. Achava que entrava onde?

-Não sei! Deve doer pra caramba.

-Relaxa tem muitas formas de aliviar a dor… Principalmente com o tal chamado “prazer”.

Precisava acalmar Dane, mas não sabia como fazer isso. Eu nunca dormi com um cara e… Tenho medo de machucar ele, convenhamos esse negócio não é nada pequeno. Certo, primeiro de tudo preciso deixar rolar, deixar que tenha um clima, arrumar um local onde será feito aquilo. Droga isso está me deixando nervoso, mas no fundo ansioso.

-Vamos fazer o seguinte… Vamos continuar do jeito que está, vamos criar mais afinidade e quando estivermos prontos e o clima rolar, faremos. Não será perfeito por ser a nossa primeira vez, mas prometo que serei gentil com você, pequeno Dane.

-Hai…

-Sim?

-KKKKKKKKKKK!

-Do que está rindo idiota?

-Por mais bonito que foram suas palavras e por mais que foi constrangedor dizer isso. A sua cara foi hilária. Kkkkkk… Ei, não precisa me tacar coisas. Seu irritadinho. Na verdade, meu irritadinho.

~CHUUU

Foi a primeira vez que Dane me beijou, quer dizer foi inesperado isso e eu estava feliz por dentro. Estava parecendo um idiota, porém um idiota feliz, porque aquele cara que havia se declarado para mim e que até agora achou tudo constrangedor, veio até mim, esqueceu-se de tudo que podia ser vergonhoso e me entregou um beijo doce e delicado nos meus lábios. “Tá, meu pensamento foi meio gay, mas não importa”.

-Dane o que você quer ser?

-Como assim?

-Na relação.

-Eu quero ser o uke, prefiro receber já que não sei muita coisa.

-Tudo bem para você eu ser o seme?

-C-claro que não!

-Então faremos o que disse, deixemos que o tempo se encarregue desse dia e vamos realmente criar afinidade como namorados.

-T-tudo bem!

-Importa-se de dormir aqui hoje?

-Não!

-Posso dormir com você na mesma cama?

-S-seu pervertido!

-N-não é isso! Eu só quero passar essa noite com você de uma forma diferente.

-Tarado! Seu tarado.

-Eu não sou tarado. Apenas me deixe dormir com você. Não vai ter essa de mão boba ou estupro.

-Não vai desistir, não é?

-Caro garoto, você me conhece muito bem.

-Tudo bem vai. Nada de mão boba e se você descer essa mão eu juro que te derrubo da cama sem dó e nem piedade.

-Tá né! E que tal tomarmos banho juntos?

-Para de ser tarado, não vou tomar banho com você. E não adianta fazer cara de cachorro sem dono.

-Dane, por favor. Prometo que não te pedirei mais nada.

-Você sabe o quão vergonho será isso para mim. Sei que não vai desistir e esse é seu defeito.

Consegui convencer Dane a tomar banho comigo e isso estava me deixando animado. Entramos no banho, praticamente envergonhados e até o banheiro encher com o vapor da água parecia uma eternidade. Dane estava de costas para mim, aos poucos fui me aproximando dele, fazendo com que essa fase passasse.

-Ei, olha para mim.

-H-Hai… isso é ver…

Não pude dizer mais nada, apenas deixei meu corpo me guiar até seus lábios. Dane possuía a pele lisa como a de um bebê, seu rosto envergonhado me fazia querer senti-lo. Encostei meu corpo junto ao seu, precisava sentir aquele corpo.

-Dane, algo está precisando de atenção.

-D-do que está falando?

-Você sabe muito bem. Deixe- me tentar aliviá-lo. Eu sou a causa e quero ser a cura para isso também.

-Hai, m-me alivie, por favor. Não vou aguentar essa sensação.

-Tem certeza do que está pedindo?

-S-sim. Não faça com que este momento se torne vergonhoso.

-Serei mau com você, meu pequeno Dane. Disse para você não me provocar.

Esquecemos até do banho no momento, segurei nas mãos de Dane e o guiei até a cama, retiramos a toalha que nos cobria. Calmamente deitei aquele corpo. Selei aquele começo de noite com o beijo mais doce que poderia dar, eu prometi e serei gentil com ele.

-Hai…

-Shiiii! Não diga nada, apenas curta o momento.

Desci pelo pescoço de Dane, dando pequenas mordidinhas, suas mãos estavam tampando o rosto avermelhado, eu o desejava mais que tudo naquele momento. Continuei o caminho seguindo do pescoço para o tórax com beijos, decidi parar por ali e mordiscar as pontas de seus mamilos, alternando com leves lambidas e chupadas fazendo com que Dane arqueasse seu corpo todo na cama, era um de seus pontos fracos. Aos poucos fui chegando próximo de seu membro que estava completamente ereto e implorando atenção. “Quando disse que era uma anaconda, achei que era brincadeira, mas é bem maior do que pensava.” O que eu poderia pensar agora era satisfazer a pessoa que amava. Delicadamente, segurei seu membro, ainda tampando o rosto levei minha boca em direção a seu pênis, ouvi Dane gemer e retirar suas mãos do rosto corado e aquilo me motivou a continuar, comecei os movimentos de vai e vem devagar.

-Hai! Acho que o clima está propício a fazer aquilo.

-Você tem certeza disso?

-Tenho, por favor, seja gentil comigo.

Suas mãos vieram em meu sentido, trazendo junto de si um pote de lubrificante. Abri as pernas de Dane e melei meus dedos com aquele lubrificante, enquanto eu chupava, posicionei meu dedo indicador em sua entrada rosada e o forcei para dentro, esperei para que ele acostumasse com meu dedo dentro de si. Assim que havia se acostumado comecei os movimentos, introduzi o segundo dedo e como da primeira vez, quando se acostumou fiz movimentos de tesoura, desse jeito ficava mais fácil para introduzir meu pênis dentro dele. Depois que parei de chupá-lo e continuando a masturbação anal, seu pênis estava transbordando com seu pré-gozo, era realmente uma imagem que estava me deixando maluco.

-Vou penetrá-lo, tá bom? Não vou mentir, vai doer um pouco, mas serei gentil até que você se acostume.

Melei meu membro com o lubrificante, com uma das mãos levantei sua perna, com a outra levei meu membro ate sua entrada forçando-o assim a entrar em Dane. Era uma sensação maravilhosa, de seu rosto escorriam lágrimas de dor e eu não podia movimentar ainda.

-Hai, pode se movimentar. Faça-me sentir prazer.

“Como assim? Dane estava disposto a sentir prazer no lugar daquela dor que parecia que o rasgaria ao meio”. Comecei os movimentos aos poucos, aumentando quando era preciso, nesse v

ai e vem acertei seu ponto principal, acertei em cheio sua próstata fazendo-o me arranhar de prazer enquanto gemia enlouquecidamente.

-Masturbe-se.

-O-o que esta dizendo, isso está fora de cogitação.

-Dane eu disse para não me deixar irritado.

-Disse também para não provoca-lo.

-Esquece isso e me provoque. Provoque até me deixar doido de prazer por você.

Depois de trocarmos de posição e fazer com que Dane ficasse por cima de mim, ele fez o que pedi, aquela imagem fazia meu membro ficar frágil a cada entrada dentro dele. Eu já estava no meu limite assim como ele estava também. O seu rosto envergonhado, sua pele macia, seus gemidos que ecoavam dentro daquele quarto, o cheiro de sexo que se espalhava pelo ar, a forma como sua voz rouca me prendia naquele momento, foram o suficiente para me desfazer dentro de Dane. Não demorou muito para que o mesmo me sujasse com seu gozo e respirar abafadamente depois de transarmos. Dane deitou-se sobre mim e me beijou loucamente, só separando nossos lábios quando nos faltou ar, foi o melhor beijo que tive dele até agora, um beijo que foi capaz de se entregar sem medo.

-Acho que fomos rápidos demais, não é?

-Hai esquece isso, foi maravilhoso. Obrigado por ser gentil comigo.

-Eu te prometi.

-Sabe, depois dessa noite tive a certeza do que sinto por você Hai.

-Eu também. Eu amo você meu melhor amigo e companheiro.

-Se isso for um sonho não quero mais acordar. Hai, por favor, durma abraçado comigo essa noite, quero te sentir próximo a mim.

Naquela noite tive a certeza do que uma amizade que se tornara amor significava, Dane que foi meu melhor amigo se tornou meu amante, entregou-se a mim como em um sonho. Eu só queria que aquele momento não terminasse, queria sentir mais e mais do seu corpo. Quando nos deitamos, abracei Dane como se fosse a última vez que o teria em meus braços. Até o mesmo o perfume daquela noite, que entrava pela janela do meu quarto abençoava a nossa união, antes andávamos lado a lado e hoje estamos nos encarando. Começando a partir de hoje, seremo

s um, vamos estar juntos essa é a nossa realidade, não é mais um sonho. Meu pequeno Dane, eu te amo e te amarei para sempre.

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Apenas amor Copyright © 2015 by Thais R. Fernandes is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License, except where otherwise noted.

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