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Stelleo Tolda

Ainda há muitos mitos sobre compras pela internet. Utilizar o computador como meio para realizar operações de compra e venda é um processo relativamente novo na web, que se torna cada vez mais eficiente com a evolução da tecnologia. Este é um fator importante, mas existe outro elemento fundamental para a disseminação do comércio eletrônico como um processo natural, inserido no dia-a-dia das pessoas. Consiste no ingresso constante e crescente dos chamados nativos digitais, termo criado para definir quem convive com o computador e com a internet desde a infância e estão familiarizados com a presença da tecnologia no cotidiano.

Este público já começa a ingressar no mercado de trabalho, tornando-se efetivamente um agente de mudança, com poder de compra. Essas pessoas representam hoje pouco mais da metade do total de 190 milhões de brasileiros. Por estarem imersos na era tecnológica, é de se esperar que os nativos digitais considerem natural utilizar os recursos da internet no dia-a-dia, inclusive para comprar e vender. A ação de comprar envolve pesquisar preços, analisar produtos, realizar comparações, decidir e efetuar o pagamento. No caso da internet, tudo isso pode ocorrer sem relação física entre os indivíduos, mesmo na hora da entrega, algo impensado até há pouco tempo.

Mas alguns comportamentos devem permanecer, independentemente do meio de compra utilizado. São as atitudes relacionadas à segurança. Os cuidados básicos adotados no mundo offline devem ser observados também na tela do computador. Curiosamente, o conforto de estar no ambiente seguro de sua residência, leva o indivíduo muitas vezes a atitudes arriscadas. É bom lembrar que o “conto do vigário” existe desde sempre e toma novas formas na web. Exemplos disso são a produção de páginas, e-mails e perfis falsos. Saber identificar a veracidade de uma informação é fundamental para uma experiência positiva num mundo virtual.

A perspectiva de ampliação do e-commerce é enorme, amparada nos projetos privados e públicos de inclusão digital. Cresce na mesma proporção a necessidade de serem criados programas educativos sobre como usar a internet de forma segura. É uma missão para câmaras setoriais, instituições de ensino, veículos de comunicação, ONGs e mesmo empresas.

Não há dúvidas sobre a evolução do comércio eletrônico no Brasil. O desafio é balancear o crescimento das transações com a elevação relativa da experiência positiva de compra. Cada um tem sua responsabilidade neste processo. As empresas que atuam na web zelam pelo segurança de seus ambientes, os vendedores preservam a qualidade no atendimento a seus clientes, as autoridades investigam e fiscalizam.

Aos compradores, cabe a tarefa de conhecer o ambiente de cada site onde vão realizar operações e observar os cuidados recomendados. A regra básica é: não faça na web o que não faria pessoalmente. Os imigrantes digitais, nascidos antes do advento da internet aprenderam a lidar com as novas ferramentas, mas têm muito a aprender com os nativos digitais. Esta nova geração interage com naturalidade com os novos equipamentos e sistemas. Sem hábitos consolidados, certamente já estão contribuindo para o desenvolvimento da web num ambiente saudável e promissor para todos.

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