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Alexandre Fugita

Pra começar não tem nada a ver com aviação ou previsão de chuva e sim com internet, web e softwares online. Alguns dizem que o termo “computação na nuvem” (cloud computing) é na verdade um nome da moda sem valor algum. A verdade é que trata-se de um assunto fundamental para o entendimento da web e internet atuais.

Quando os engenheiros queriam representar a infraestrutura de uma operadora de telefonia, desenhavam uma nuvem em vez de todos os seus itens como cabos e centrais telefônicas. A internet tomou posse deste conceito e a nuvem foi a forma encontrada para representar a infraestrutura da internet (servidores, fibras óticas, roteadores, etc).

Com a internet o processamento de informações acontece basicamente em dois lugares. Na sua máquina ou em algum servidor pelo mundo conectado à grande rede. Quando o processamento acontece nesse servidor remoto podemos dizer que trata-se de computação na nuvem. O termo é bastante comum para designar softwares online usados dentro de navegadores web, o browser.

O navegador é apenas uma janela, a interface entre nós e o aplicativo rodando em algum lugar da internet. Em vez de editar seu texto em um programa rodando no computador, podemos usar a tal da computação na nuvem e editar textos em um aplicativo web. E existem softwares online de todos os tipos, desde planilhas eletrônicas até editores de imagens.

Mas o conceito pode ser estendido a qualquer serviço que mantenha dados em algum servidor na internet. Um exemplo é o YouTube. Os vídeos ficam armazenados nos servidores do YouTube e são exibidos dentro de um browser que não armazena nada a longo prazo.

O mesmo acontece com muitos softwares para smartphones como o iPhone ou Android. Se levarmos em conta o conceito de nuvem para aplicativos desses aparelhos, veremos que uma parte deles necessita comunicar-se com a internet para ter alguma utilidade.

Um ótimo exemplo é o Google Maps. Nenhum mapa é armazenado no smartphone, tudo vem dos servidores do Google de acordo com a demanda. Devido a esta conexão constante com a internet o Google Maps está sempre atualizado e pode exibir informações de trânsito em tempo real. Um aparelho GPS com dados armazenados localmente pode estar com mapas desatualizados e jamais saberá algo sobre o trânsito por não estar conectado à grande rede.

Com a nuvem as informações são acessíveis de qualquer lugar que tenha uma conexão à internet. Se você armazenar aquela apresentação importante no computador do seu trabalho e esquecer de levar o arquivo para uma reunião no cliente, estará perdido. Mas se você usar a internet para armazenar essa apresentação, basta acessar a grande rede e… seu arquivo é acessível e editável de qualquer computador!

A vantagem de acessar e editar de qualquer computador é tão competitiva que mesmo com menos funções em relação aos seus equivalentes no próprio computador, muita gente prefere usar um aplicativo web e usufruir de suas facilidades de acesso e colaboração. Aliás, a colaboração é outro item “matador” (vitorioso) dos aplicativos web.

Além disso softwares online rodam em qualquer plataforma. Você pode usar sistemas operacionais Windows, MacOS ou Ubuntu (Linux) que o mesmo aplicativo web funcionará igualmente. Tudo o que você precisa é de um navegador moderno e uma conexão à internet. É quase como se o computador em si fosse um escravo do navegador.

Mas aí que está o problema… Não dá pra garantir que você sempre terá uma conexão à internet. Para resolver isso a implementação HTML5 permite que navegadores desconectados armazenem informações localmente (e-mails, documentos), que são novamente sincronizados com a nuvem assim que uma conexão é estabelecida.

Sem contar que cada vez mais a internet passará a ser um serviço básico, disponível em qualquer lugar. E quem aposta neste fato é o Google, que já testa o Chrome OS, sistema operacional que depende totalmente da internet para ser útil de alguma forma. Em vez de ser um sistema que roda tudo na sua máquina o Chrome OS pretende que a maior parte do processamento fique com a nuvem. As APIs abertas dos vários serviços da internet substituem as funções de um sistema operacional tradicional.

Essa ideia já é executada por inúmeros fabricantes dos chamados netbooks. O netbook é um fenômeno recente, do final da primeira década do século XXI, e nada mais é do que um notebook com tela, memória, armazenamento e processamento menos potentes e que serve basicamente para navegar na web. Qualquer semelhança com o Chrome OS não é pura coincidência.

Daí vem a questão da privacidade. Como confiar suas informações a um servidor de internet que está sabe-se lá onde? A resposta é simples: você usa cartão do banco ou celular? Seu banco sabe todos os seus hábitos de compra, onde, o que, quando… Sua operadora de celular sabe para quem você ligou, onde você está… Resumindo, ambas sabem se você está viajando ou apenas na esquina da sua casa. E você nunca se preocupou com isso.

O interessante é que muitas empresas de internet declararam que seus dados são seus e não delas. Em tese você pode retirá-los completamente delas e resolver o problema da privacidade. Seu banco permite isso? Provavelmente não. A privacidade é uma questão de confiança entre o fornecedor (nuvem) e seu cliente (nós). As empresas de internet levam isso muito a sério pois o concorrente está a um clique de distância.

Concluindo: a nuvem não é um termo da moda. É praticamente a base na qual se sustenta boa parte dos negócios da internet e que facilita a vida de todos nós.

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