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Bárbara Dieu

– Adoro tirar fotos e gostaria muito de conversar com outros que se interessam por isso para trocar ideias e melhorar minha técnica.
– Como aplicar a teoria na prática? Quais os procedimentos / técnicas adotadas?
– Você já usou recursos educacionais abertos? Qual o melhor lugar para achá-los? Quem mais está usando e por que? Quais o problemas com que se deparou?
– Estamos querendo montar um laboratório em nossa escola. Sei que vocês fizeram um recentemente. Quais as vantagens e desvantagens encontradas no seu modelo? Conhecem a experiência de outras escolas nessa área?
– Como posso modificar esse código para que o blog aceite comentários em vídeo?

As perguntas demonstram que você gostaria de aprender mais para aprofundar seu conhecimento sobre o tema e aperfeiçoar seu trabalho. No entanto dificilmente você se matriculará em um curso para procurar uma resposta para elas. Algum amigo ou expert no assunto poderá respondê-las pontualmente ou dependendo de sua expertise na Internet, você poderá encontrar um forum onde estas questões são debatidas. No entanto, se você está interessado em trocar e contribuir com sua experiência, solucionar problemas, coordenar e criar sinergias, dar e receber dicas, se informar, discutir possibilidades e melhor uso, então, junte-se a uma comunidade de prática. Elas existem em vários setores e profissões como por exemplo no jornalismo, nas telecomunicações, na educação, na saúde, no governo, nos transportes (marítimo, aviação, ferroviário) e na indústria , para citar alguns.

Comunidade de Prática (CoP) é um termo cunhado por Jean Lave e Etienne Wenger para descrever a aprendizagem social que ocorre a partir das necessidades de seus membros dentro do contexto da ação onde ocorrem. As CoPs podem se formar cada vez que um grupo de pessoas se agrega e interage regularmente para compartilhar a paixão por aquilo que faz, aprender umas com as outras, resolver problemas recorrentes e melhorar sua prática corrente. Sua estrutura se apoia em três pilares: o domínio, a comunidade e a prática. O domínio corresponde a uma área de conhecimento, interesse ou atividade. A comunidade é representada pelos indivíduos que se agregam , assim como suas interações e a rede de relacionamentos. A prática é o conhecimento compartilhado.

Uma “comunidade de prática” é diferente de uma “equipe ou grupo de trabalho”, cujo objetivo é realizar tarefas ligadas a algum tipo de processo ou função. É também diferente de uma “força tarefa”, da qual os componentes se desassociam uma vez completada a missão. Não é uma rede, nem um clube de amigos tampouco, já que estes interagem ou se reúnem aleatoriamente, geralmente sem fins específicos.

Segundo Etienne Wenger, aprender em comunidades de prática significa não somente se engajar em um processo de aprendizagem social mas também compartilhar práticas sócio-culturais (experiências, histórias, ferramentas, linguagem, visão, valores e procedimentos) que emergem e se desenvolvem durante os momentos em que os membros interagem e expressam sua identidade como membros daquele grupo. Uma comunidade de prática desenvolve um acervo de recursos que provem de uma prática em comum.

A aprendizagem é parte integrante de nossas vidas e não um processo linear, uniforme e estanque com começo e fim. Aprendendo e trocando conhecimento desenvolvemos e construímos nossas identidades. Na busca e na negociação de sentido, assumimos todos, ao longo de nossas vidas e em diferentes momentos, os papéis de mestres e aprendizes, reaprendendo e reavaliando nosso conhecimento nos diferentes contextos e situações que nos se apresentam. Nos inserimos e agimos sobre o mundo que nos rodeia, interagindo através de/e sobre artefatos e atores diversos. Ao conversarmos, refletirmos, usarmos e criarmos , influenciamos (e somos influenciados) tanto pelo diálogo e pelos artefatos que produzimos (e que são produzidos) como pelos meios que utilizamos para transmitir/captar as informações. As comunidades de prática criam e agregam valor aos seus membros e os eventos, as atividades e os relacionamentos são essenciais neste processo.

Embora comunidades existam desde os primórdios da humanidade, antes das escolas e de outros tipos de organizações, o que muda hoje é o leque de novas possibilidades de interação e trabalho conjunto criado pela Internet e pelas novas tecnologias digitais.

As fronteiras da aprendizagem e de troca de conhecimento podem ser prolongadas e ampliadas além dos limites tradicionais de espaço, tempo, geografia, currículo, atores, estrutura, etc., já que as TIC (tecnologias de informação e comunicação) nos permitem um acesso quase ilimitado à informação e as diversas ferramentas e plataformas nos dão a possibilidade de nos comunicarmos, colaborarmos e aprendermos diretamente com pares e experts e/ou outras comunidades em qualquer parte do mundo.

Fontes:

Intro to communities of practice – Etienne Wenger-Trayner http://wenger-trayner.com/theory/

Jean Lave, Etienne Wenger and communities of practice – http://infed.org/mobi/jean-lave-etienne-wenger-and-communities-of-practice/

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