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Vasco Furtado

Georeferenciar uma informação é associá-la a um endereço (longitude, latitude e altura), o que permite visualizá-la em uma mapa geográfico. A utilidade disso é intuitivamente ligada a máxima de que “uma figura vale por mil palavras”. Quando olhamos para um mapa e nele vemos associadas informações (muitas vezes representadas por pontos ou alfinetes) temos uma leitura contextualizada em relação ao espaço em que elas se encontram no mapa. Ou seja, informações mapeadas tem alto poder de expressão.

Se o georeferenciamento não passasse a ser feito por computador, isso ainda seria atividade típica de cartógrafos e de poucos que teriam a paciência de estar sempre atualizando esses mapas.

Lembro-me bem da primeira vez que entrei em um quartel da Polícia, há dez anos atrás, e vi um mapa da cidade na parede cheio de tachinhas vermelhas indicando onde havia tido crime. Toda semana, um sargento era responsável por atualizar o mapa. Mais difícil era representar locais que precisavam de muitas tachinhas. Não dava para sobrepô-las. Identificar os locais mais violentos nem sempre era evidente. Medir distâncias, então, exigia cálculos tediosos e que se repetiam semanalmente.

Com o uso do georeferenciamento digital estas limitações desapareceram, pois com mapas digitais pôde-se armazenar um grande volume de dados e apresentar somente aqueles relevantes para um determinado fim. Com o apoio de softwares que fazem georeferenciamento e seu processamento, além de qualificar a visualização das informações, pode-se relacioná-las, calcular distâncias entre as mesmas, definir caminhos para se ir de um local a outro, enfim, extrair das informações tudo o que elas podem dar com relação ao lugar a que se referem.

No computador, os mapas deixam de ser “estáticos” e passam a ser manipulados e atualizados em intervalos de tempo curtíssimos.

Embora o georeferenciamento digital tenha facilitado enormemente o uso de mapas, essa atividade ainda era muito técnica. Somente algumas pessoas dentro de Empresas e, normalmente, com treinamento especial nos softwares para esse fim, é que eram os usuários. A democratização do uso de mapas digitais precisava de algo a mais. E esse algo mais foi a Web.

Primeiramente, os mapas digitais passaram a ser fornecidos como serviço gratuito. Google Maps (1), Yahoo Maps (2) e Bing (3) da Microsoft são exemplos destes serviços que estão disponíveis na web para uso de todos. Isso levou ao aparecimento de uma outra atividade determinante para o processo de popularização do georeferenciamento: os próprios internautas passaram a realizar georeferenciamento voluntariamente.

Tornou-se comum, por exemplo, tirar fotos e georeferenciá-las, i.e. as fotos são colocadas na posição geográfica que indica de onde elas foram tiradas e podem ser vistas imediatamente em uma mapa digital. A criação de sites onde mapas digitais podem ser alimentados pelo próprio usuário é possível em sites como WikiMapps (http://wikimapps.com). Aí sim, o georeferenciamento deixou de ser coisa de especialista e passou a ser usado pelas pessoas nas formas mais diversas, por exemplo, para mapear poluição, pontos turísticos, densidade demográfica, etc. Vejam que mesmo informações criminais, que eram exclusividade de profissionais do setor, passaram a ser mapeadas e exploradas pelas pessoas como pode-se ver em WikiCrimes (http://www.wikicrimes.org).

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