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Marcelo Vitorino

O mundo contemporâneo ainda está se acomodando e assim como a vida nas grandes metrópoles foi abalada por diversos problemas oriundos de uma concentração de pessoas de etnias, credos e motivações diferentes, a internet também sofre com isso, visto que o que acontece nela é, basicamente, um espelho de uma vida fora dela.

De forma muito prática, Spam ou lixo eletrônico, é toda e qualquer mensagem eletronicamente enviada por alguém sem permissão declarada de quem a recebe.

A cada dia surgem mais formas da tão temida “praga digital”. Antes, apenas por email, agora também é propagada por comunicadores instantâneos, redes sociais, agregadores de feeds e telefones celulares. Até que ponto um email pode ser considerado Spam e quais os critérios para essa caracterização? Levando ao pé da letra, seguindo a definição acima, ao enviar uma mensagem para sua mãe, sem que ela peça ou autorize explicitamente, você acabou de se tornar um spammer, ou seja, aquele que envia Spam.

Os impactos gerados por essa praga no seu dia não são perceptíveis para a maioria, mas é fato que, devido ao tráfego intenso dessas mensagens, a internet fica congestionada. Você pode estar se perguntando quanto isso pode custar, se não se perguntou ficará espantado com os números: segundo estimativa do Wikipedia mais de cinquenta bilhões de dólares referentes a produtividade foram pelo ralo.

As mega corporações do novo século estão diretamente envolvidas na prevenção e contenção da praga. O Google tenta coibir da forma que pode, implementando filtros em sua ferramenta de e-mail e também na limitação de envio de mensagens em alguns aplicativos, como o Orkut, a Microsoft também não mede esforços e outras empresas estão pelo mesmo caminho. Os provedores de acesso mudam suas práticas de aceitação de e-mail frequentemente, em alguns casos, chegam a bloquear temporariamente o recebimento de mensagens provenientes de uma mesma pessoa. Se um sender envia mais do que vinte mil emails para um domínio Hotmail dentro do mesmo dia, ele fica suspenso por vinte e quatro horas. Conforme ocorre a reincidência a punição dobra.

Antigamente o Spam provinha apenas de mensagens com intuito comercial, característica que foi mudando com o avanço dos golpes eletrônicos. Hoje recebo cinco vezes mais mensagens disfarçadas de entidades conhecidas para tentar obter meus dados, através de programas de captura, do que propagandas propriamente ditas.

Tantas mensagens me levam a crer que o golpe funciona, sendo muito provável dada a falta de conhecimento técnico e malícia “digital” de grande parte dos usuários. Já há quem defenda a cobrança de um valor por e-mail enviado, o que considero absurdo. Os spammers têm plenas condições de pagar pelos envios, o que torna a solução sem sentido, prejudicando o usuário comum.

Fica também a discussão de que o Spam pode ser considerado invasão de privacidade. Alguns especialistas defendem essa tese, da qual discordo também. O termo “privacidade”, em minha opinião, deve ser atualizado para o mundo digital. Com a internet quase todos estamos expostos. Receber ou não uma mensagem pode ser mais do que decidir entre apagar ou ler, talvez seja uma decisão mais complexa entre estar ou não conectado, assumindo os bônus e os ônus.

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