“Para ser eficaz na avaliação da própria aprendizagem, é necessário ter consciência de que estamos sujeitos a preconceitos tanto de visão a posteriori como de previsão ao julgar se seremos capazes de produzir informação a ser aprendida em algum momento posterior” (Bjork, Dunlosky & Kornell, 2013). Uma ilusão de competência ocorre quando se acredita ter aprendido alguma coisa, mas isso não aconteceu: “As pessoas não são competentes em detetar os limites dos seus conhecimentos e perícia” (Dunning et al., 2003). Por exemplo, os estudantes podem ter um bom desempenho num teste e acreditar que dominaram um tópico. Mas esses estudantes teriam dificuldades se o mesmo teste fosse feito um mês mais tarde. As suas notas iniciais no teste podem, assim, levar a uma ilusão de competência.

Como pode surgir uma ilusão de competência? Não raras vezes, um desempenho único não reflete uma memória estável a longo prazo (por exemplo, aprendizagem duradoura). Mas acreditar que isso é verdade conduz a uma ilusão de competência. Consequentemente, muitos estudantes acabam por escolher estratégias de estudo que otimizam o desempenho a curto prazo, em vez de uma aprendizagem a longo prazo. A incompreensão de como a memória funciona e do que é necessário para formar memórias estáveis a longo prazo contribui para tais ilusões e para uma seleção inadequada de estratégias de estudo. Em suma, a aprendizagem duradoura requer a formação de memória a longo prazo.

“um estudo realizado por Koriat et al. (2004) demonstrou um surpreendente viés de estabilidade em relação ao esquecimento: As previsões dos participantes quanto ao seu desempenho no teste posterior não foram afetadas por se ter sido dito aos participantes que seriam testados imediatamente, após uma semana, ou mesmo após um ano (mas ver Rawson et al. 2002). Os participantes tinham, de facto, uma teoria do esquecimento ao nível da crença, e quando a ideia do esquecimento foi posta em evidência, os participantes tornaram-se sensíveis ao intervalo de retenção – mas essa pressão isso os seus julgamentos eram insensíveis ao esquecimento e altamente imprecisos.” – Bjork, Dunlosky & Kornell (2013)

“A experiência subjetiva de uma pessoa pode ser interpretada de formas desadequadas e fonte de ilusões de compreensão” (Koriat & Bjork, 2006) pois “as pessoas têm frequentemente um modelo mental erróneo de como aprendem e se lembram, tornando-as propensas tanto a avaliar mal como a gerir mal a sua própria aprendizagem” (Bjork, Dunlosky & Kornell, 2013). Para alcançar uma aprendizagem duradoura, os estudantes precisam de se tornar proficientes na regulação da sua própria aprendizagem. A correção de incompreensões sobre como a aprendizagem acontece e a modelação de hábitos de estudo eficazes podem facilitar a realização de aprendizagens duradouras por parte dos estudantes.

Referências

Ilusão de Competência
  • Bjork, R. A., Dunlosky, J., & Kornell, N. (2013). Self-regulated learning: Beliefs, techniques, and illusions. Annual review of psychology, 64, 417-444.
  • Dunning, D., Johnson, K., Ehrlinger, J., & Kruger, J. (2003). Why people fail to recognize their own incompetence. Current directions in psychological science, 12(3), 83-87.
  • Castel, A. D., MCCabe, D. P., & Roediger, H. L. (2007). Illusions of competence and overestimation of associative memory for identical items: Evidence from judgments of learning. Psychonomic Bulletin & Review, 14(1), 107-111
  • Koriat, A., & Bjork, R. A. (2006). Illusions of competence during study can be remedied by manipulations that enhance learners’ sensitivity to retrieval conditions at test. Memory & Cognition, 34(5), 959-972.
  • Koriat, A., Bjork, R. A., Sheffer, L., & Bar, S. K. (2004). Predicting one’s own forgetting: the role of experience-based and theory-based processes. Journal of Experimental Psychology: General, 133(4), 643.
  • Rawson, K. A., Dunlosky, J., & McDonald, S. L. (2002). Influences of metamemory on performance predictions for text. The Quarterly Journal of Experimental Psychology: Section A, 55(2), 505-524.

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