Na Wikipedia, há uma definição de escritor (acesso em 23/7/2014) como sendo “a pessoa que se expressa através da arte da escrita, ou, tradicionalmente falando, da Literatura. É autor de livros publicados, embora existam escritores sem livros publicados (chamados, por alguns, de amadores)”. Trata-se de uma definição, no mínimo curiosa (principalmente no que diz respeito à desatualização do conceito de “amadores”, atrelando-os à expressão “sem livros publicados”).

O escritor é criador de imagens, personagens, fantasias, é também um anotador, um comentarista, um crítico e analista de fatos e costumes, um “cartógrafo” (da concepção, produção, difusão, utilização e estudo de mapas) da alma humana, dos períodos históricos, situações, cenários (tempo x espaço). Quando nos leva a navegar por histórias de vidas, reais ou inventadas, diluindo palavras, ele é capaz de provocar a alquimia dos sentidos.

Todo o escritor que é original é diferente. Mas nem todo o que é diferente é original. O maior drama do escritor é, como identificou Julien Green, que enquanto o pensamento voa, as palavras, infelizmente, vão a pé.

Considerando, por fim, que é dever elementar deste ministério prestigiar, por todos os meios possíveis, as iniciativas de alcance cultural, resolve instituir o DIA DO ESCRITOR BRASILEIRO, a ser comemorado, em todo o país. – Ministro Paulo Penido, em julho/1960.

Devemos-lhes também gratidão, porque eles nos proporcionam viagens e sonhos nos momentos mais difíceis, insólitos e impossíveis, como quando estamos presos à cama ou a qualquer outro tipo de encarceramento.

O escritor é como uma espécie de guerreiro, libertador e guia, que nos leva a conhecer outros mundos. Portanto, é justo que o escritor seja celebrado e mereça ter um dia só seu.

O Dia Nacional do Escritor

O Dia Nacional do Escritor foi criado em 1960, através do esforço dos escritores João Peregrino Júnior e Jorge Amado, por ocasião da realização do I Festival do Escritor Brasileiro, organizado pela União Brasileira de Escritores, instituição da qual os dois eram presidente e vice-presidente, respectivamente.

“O personagem «leitor» é um personagem curioso, estranho. Ao mesmo tempo que inteiramente individual e com reações próprias, é tão terrivelmente ligado ao escritor que na verdade ele, o leitor, é o escritor.” – Clarice Lispector (Jornal do Brasil, 1968)A coluna Vida Literária do Jornal do Brasil, em 23 de julho de 1960, noticiava que “o ministro da educação, Sr. Pedro Paulo Penido, instituiu, através de uma portaria, o Dia do Escritor Brasileiro a ser comemorado, em todo o país, anualmente no dia 25 de julho”.

O antigo Ministério da Educação e Cultura, em julho de 1960, reconhecendo que a nação tinha na literatura, no civismo, na liberdade e humanidade, a “efervescência do seu cérebro, em plena atividade criadora”, promovia a criação do DIA DO ESCRITOR BRASILEIRO, que passaria a ser comemorado por iniciativa oficial.

O ministério também indicava como patrono da data festiva, a figura do jornalista, escritor e folclorista João Ribeiro, “símbolo do humanismo brasileiro”, cujo centenário de nascimento se celebrava em todo o território nacional naquele ano de 1960.

Escritores do século XXI

Hoje, vivemos tempos novos e os desafios aumentaram. A “máquina” da publicação se democratizou. Praticamente todo mundo pode publicar um livro.

“O escritor é um homem que mais do que qualquer outro tem dificuldade para escrever.” – Thomas Mann

E caso esse livro encontre um leitor que o mereça, aquele leitor justo, adequado, a quem ele, o livro, atenda uma necessidade, ou atinja certeiramente o coração, transformando de alguma forma o seu pensar, o seu modo de ser ou de viver, esse escritor (que aquela definição da Wikipedia, por sua visão tão restritiva, talvez não contemple) poderá dar como realizada a sua tarefa, poderá dar como atingido o seu objetivo.