O editor-chefe do blog americano Good e-Reader, Michael Kozlowski, perguntou em artigo recente se não seria mais coerente que Kobo e Barnes & Nobel suspendessem seus programas de autopublicação.

Executando seus respectivos programas já há alguns anos, a Barnes & Noble e a Kobo têm feito muito pouco para promover esses serviços. Boa parte dos autores independentes até mesmo ignoram a existência dessas plataformas. Por esse motivo é que Kozlowski pergunta:

Kobo e Barnes & Nobel devem continuar insistindo no mercado de autopublicação ou deveriam reorientar seus esforços exclusivamente para o seu modelo de negócios principal?

A B&N lançou a primeira geração de seu programa de autopublicação, o PUBIT!, em outubro de 2010. A intenção era oferecer aos autores americanos a capacidade de autopublicar suas obras gratuitamente e tê-las disponíveis nas livraria eletrônica da rede de livrarias.

O PUBIT! nunca recebeu qualquer atualização importante e, em três anos, não foi aprimorado. No ano passado, a B&N lançou a Nook Press, a segunda geração da plataforma que permite aos autores distribuir seus títulos nos EUA, Reino Unido e grande parte da Europa.

Já o Kobo Writing Life (que possui uma verão em português)  foi lançado no final de 2012, sendo um sistema completamente desenvolvido, permitindo que os autores vendam seus livros em todo o mundo. Inclui ferramentas avançadas para configurar os preços em diferentes mercados e atém mesmo gerenciar promoções.

Por sua vez, a Amazon controla 75% dos mercados de livros digitais no Canadá, EUA e Reino Unido. A plataforma Kindle Direct Publishing distribui aos autores uma receita maior do que a receita gerada por Kobo e Barnes and Noble juntas.

Frequentemente, os autores mencionam que obtém a venda de 100 unidades na Amazon e menos de 10 nas outras plataformas.

Os especialista dizem que é quase impossível competir com os produtos e serviços da Amazon no segmento de autopublicação. Dizem mais: que Kobo e B & N estariam, na verdade, “treinando” os autores independentes para autopublicarem suas obras, mas sem lhes dar nenhum benefício exclusivo para mantê-los longes das soluções da Amazon.

A Barnes & Noble perdeu mais de um bilhão de dólares em todo o seu negócio de e-books e e-readers desde que entrou nesse mercado. Dispensada a maior parte de sua equipe executiva, a empresa contratou um novo CEO, obteve investimento da Microsoft e da Pearson e pretende se desfazer do “peso” do Nook, transformando esse departamento em outra empresa.

A Kobo abandonou o mercado dos EUA e, mesmo no Canadá, aconteceu a demissão de cerca de 50 pessoas em sua sede Toronto e executivos de alto nível estão deixando a empresa para fundar suas próprias startups.

Além disso, para dificultar ainda mais os desafios da empresa, o governo canadense está investigando Kobo por causa do modelo de agência, e está forçando a empresa a renegociar seus contratos com todos os principais editores e respeitar o modelo de atacado.

Na opinião de especialistas da indústria (ouvidos durante a American Library Association 2014, em Las Vegas), B & N e Kobo estão jogando, sem perceber, o jogo da Amazon, caindo diretamente em sua armadilha.

Milhões de dólares estão sendo despejados no Nook Press e no Writing Life e a maioria das pessoas não percebem o quanto realmente custam executivos, demais funcionários, desenvolvimento, promoção e manutenção dessas plataformas.

Essas empresas fariam melhor, talvez, se fechassem seus programas de autpublicação e começassem a distribuir livros de empresas como LULU, Smashwords, Author Solutions e outras já bem estabelecidas no negócio da autopublicação.

B & N e Kobo já não se concentram em seu modelo de negócios principal.

As duas empresas estão diversificando demais e não podem ser eficientes nos segmentos em que realmente fazem dinheiro, ou seja, vendendo livros.

Na opinião de vários especialistas da indústria ouvidos durante a conferência American Library Association 2014, em Las Vegas, B & N e Kobo estão jogando, sem perceber, o jogo da Amazon, caindo em sua armadilha.

Em vez de se concentrar na venda propriamente dita, essas empresas estão gastando milhões de dólares tentando competir com a plataforma KDP da Amazon.

 


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