Em sua coluna de estreia no Guia da Autopublicação, o escritor, blogueiro, profissional de marketing digital e designer gráfico Roberto Tostes relembra os desafios (e as esperanças) do escritor e analisa a íntima, misteriosa e inevitável convivência entre a leitura e a escrita.

Todo esforço de uma palavra ou página está num livro. Desfolhamos vida, peles, membranas e camadas antigas.

Começar um livro é muito bom. Os primeiros parágrafos e páginas podem ser sempre mágicos.

Entrar pelas folhas é abrir uma nova porta ou janela e descortinar uma paisagem, um novo mundo desconhecido. Tudo parece novo, chão, ares, cheiros, sons, cenários.

Escritores e leitores, estamos todos perdidos no mesmo misterioso universo de palavras e textos que nos cercam.

Na textura do papel tateamos as páginas com nossos dedos e emoções, vamos decifrando as sensações e ideias de quem a escreveu, um processo que nos devora lentamente e muitas vezes nos engole vivos.

Certos livros são tão apaixonantes que devem ser lidos da forma mais confortável possível: no sofá, na cama, na rede. Com atenção total, desligando tudo em volta. Só assim conseguimos nos entregar e mergulhar sem pensar em um mundo do qual não queremos sair.

Até terminar um bom livro nos alegra, mesmo se o desejo era ainda ouvir suas palavras e personagens. O gosto e a saudade de ter terminado nos acompanham durante um tempo.

Ler é viver. Viver é ler.

Quando lemos escrevemos alguma coisa em nossas mentes e corações. E quando escrevemos também relemos algo, sinais do mundo que nos marcam e não nos largam. Com as palavras vamos decifrando pessoas, ambientes, barulhos e vozes que tentamos recriar como ficção.

Quando escrevemos a memória pode ser um cinema mágico?—?num tempo lento, brilhante e com cores muito vivas: podemos nos empolgar e nos concentrar sem cansaço durante horas ou dias debruçados sobre diálogos, pensamentos, descrições, devaneios, memórias.

Não basta apenas ler e escrever: Leia como quem Escreve. Escreva como se estivesse Lendo.

Tudo por muito esforço e algumas poucas frases que nos satisfaçam, palavras, parágrafos e muitas emoções que encontram seu destino em poesia, conto, crônica ou um texto qualquer.

Escrevemos para vivenciar de novo o que vivemos mas queremos sentir de novo.

Escrevemos para procurar dentro de nós mesmos algo que não sabemos, não lembramos ou descobrimos. Nossos acontecimentos e tudo à volta, pessoas e coisas.

Quem escreveu e terminou de produzir algo deseja muito que outras pessoas leiam.

Escritores e leitores, estamos todos perdidos no mesmo misterioso universo de palavras e textos que nos cercam.

Escrever e Ler são dois lados que se complementam na mesma moeda.

É muito importante entender o segredo do que mantém este fogo da linguagem aceso por centenas de anos de escrita:

Não basta apenas ler e escrever:

Leia como quem Escreve.

Escreva como se estivesse Lendo.

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